quinta-feira, 24 de maio de 2012

Que filósofo eu sou?

Normalmente eu não postaria uma quiz ou meme aqui, mas esta, com todas as suas limitações, simplificações e imprecisões, acertou na mosca, no meu caso.

Which philosopher are you?
Your Result: W.v.O. Quine / Late Wittgenstein
 

There is no provable absolute truth. The way you see things is dependant on your language. Truths exist only within a language, and change as the language does. --This quiz was made by S. A-Lerer.

Sartre/Camus (late existentialists)
 
Nietzsche
 
Early Wittgenstein / Positivists
 
Aristotle
 
Immanuel Kant
 
Plato (strict rationalists)
 
Which philosopher are you?
Quiz Created on GoToQuiz

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Mickle, Dr. Johnson, Patronato (III)

Continuando agora, então, a história de Mickle e seus (não) patronos.
Logo depois de se mudar para Londres, Mickle se esforçou muito para obter a ajuda de Lorde George Lyttelton (1709-1773), poeta e historiador do círculo de Alexander Pope, membro ilustre do parlamento e patrono de muitos poetas e escritores, entre os quais James Thomson e Henry Fielding. Assim como aconteceu com Johnson em relação a Lorde Chesterfield, os esforços de Mickle não deram em nada.

Mickle teve azar também na escolha do patrono para a sua tradução de Os Lusíadas. O patrono que escolheu, o Duque de Buccleugh, não deu nenhuma atenção a ele. Mickle não desanimou, no entanto: preparou um projeto de tradução de Os Lusíadas incluindo a tradução de parte do episódio do Gigante Adamastor (Canto V) e o enviou para The Gentleman’s Magazine, um influente periódico da época, que o publicou em março de 1771. Alguns meses depois, Mickle mandou imprimir em Oxford a tradução do Canto I como amostra para angariar assinaturas. Essas primeiras traduções foram muito bem acolhidas e possibilitaram a publicação da tradução completa quatro anos depois, com o financiamento de uma lista de quase 600 pessoas influentes do mundo político e religioso.

O financiamento das publicações por esse tipo de lista de assinaturas era prática comum na época. Johnson recorria a esse tipo de lista com frequência. Lawrence Venuti[1], ao falar sobre as traduções de Pope, assinala o século XVIII como o momento em que o sistema de patronagem dá lugar a esse tipo de publicação por assinatura: “O Homero de Pope manteve o refinamento de um discurso poético transparente no dístico heroico, ainda um elitismo literário entre as classes hegemônicas, menos dependentes da patronagem da corte do que de editores com listas de assinatura que eram agora cada vez mais burguesas em vez de apenas aristocráticas. Virou moda assinar a tradução de Pope: mais de 40% dos nomes nas listas de sua Ilíada possuíam títulos de nobreza, e os membros do parlamento incluíam tanto Tories quanto Whigs”. Esse tipo de lista continua sendo patronagem, pela ampla definição de Lefevere[2], embora o patrocínio se transfira, aos poucos, da aristocracia para a burguesia.

Voltando ao Dr. Johnson: com a ascensão ao trono de George III, Johnson passou a receber uma pensão de 300 libras ao ano, por “mérito literário”. Boswell conta que Johnson, a princípio, ficou em dúvida sobre aceitar ou não, considerando que havia definido “pensão” basicamente como “pagamento por serviços de traição ao país” e “pensionista” como “um escravo do Estado”… Ele acabou aceitando, depois que os emissários do rei lhe garantiram que a pensão era apenas uma homenagem por méritos passados e não implicava nenhum compromisso futuro. De qualquer forma, acho que isso corrobora a minha opinião de que a tal “Declaração de Independência da literatura” (Carpeaux) precisa ser relativizada.

Há muito mais a discutir dentro desse assunto (patrocínio na Grã-Bretanha do século XVIII), mas este blog não é o espaço mais adequado para desenvolver questões que necessitam maior aprofundamento. Assim, com esta post eu encerro, ao menos por ora, esse assunto. Continuarei comentando sobre pontos interessantes de Life of Johnson, no entanto. O livro tem 1496 páginas e eu estou apenas na p. 294.

[1] VENUTI, Lawrence. The Translator’s Invisibility. London and New York: Routledge, 1995, p. 66, tradução nossa.
[2] LEFEVERE, André. Translation, Rewriting, and the Manipulation of Literary Fame. London and New York. Routledge, 1992.