domingo, 10 de junho de 2012

(Isaac) Disraeli, patronos e Mickle

Em uma nota de rodapé de The presence of Camões, George Monteiro menciona que Melville destacou, com uma linha vertical na margem direita, um trecho do livro Curiosities of Literature, de Isaac Disraeli, sobre Mickle. Esse Disraeli (ou D’Israeli), nasceu em 1766 e morreu em 1848; era escritor e historiador, pai de Benjamin Disraeli, o famoso primeiro ministro britânico. (Curiosidade: Isaac iniciou a sua carreira literária compondo versos para Samuel Johnson.)

Antes de mais nada, interessa-me o assunto sobre o qual Disraeli está falando nessa página: patronos. Neste site, pode-se ler Curiosities of Literature online. O artigo sobre patronos está aqui, e eu recomendo a leitura a todos os que se interessam pela questão da patronagem, que já discuti anteriormente neste blog algumas vezes.

O parágrafo dedicado a Mickle diz (a tradução é minha):

O pobre Mickle, a quem devemos a tão bela versão de Os Lusíadas de Camões, tendo dedicado sua obra, um trabalho ininterrupto de cinco anos, ao Duque de Buccleugh, ficou mortificado ao descobrir, por meio de um amigo, que o Duque já estava de posse da obra há três semanas quando conseguiu reunir suficiente desejo intelectual para abrir suas páginas! A negligência desse aristocrata reduziu o poeta a um estado de depressão. Esse patrono era economista político, pupilo de Adam Smith! Fico feliz em acrescentar que, em contraste com esse frígido patrono escocês, quando Mickle foi a Lisboa, onde sua tradução há muito lhe precedera a visita, encontrou o Príncipe de Portugal esperando no cais para ser o primeiro a receber o tradutor de seu grande poema nacional; e, durante uma estadia de seis meses, Mickle recebeu a calorosa estima de todos os nobres portugueses.

Não deixa de ser irônico que Portugal, tendo dado pouco reconhecimento a Camões em vida, cumule de honrarias o seu tradutor para o inglês, que tanto modificou o original… Entre os objetivos do meu trabalho está o de tentar “explicar” essa ironia.

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