segunda-feira, 28 de novembro de 2011

“Vampyroteuthis infernalis” em português

Acabo de saber que esta noite, em São Paulo, será lançado o Vampyroteuthis infernalis do Flusser em português. Não vou poder ir, mas fico muito feliz com a notícia.

Em Vampyroteuthis infernalis, Flusser mistura fantasia, biologia e fenomenologia para descrever um tipo raro de polvo que vive nos mares abissais. O que o interessa no Vampyroteuthis é que essa espécie seria a mais desenvolvida de um ramo divergente daquele que levou ao surgimento dos seres humanos. Ele seria o nosso antípoda e, ao conhecê-lo, poderíamos conhecer melhor a nós mesmos. O que Flusser busca na ficção (assim como na tradução) é a possibilidade de contemplar o jogo de fora... Nessa fábula, Flusser acaba fazendo um retrato dos próprios seres humanos sob a visão do octópode.

Não sei se essa edição da Annablume incluirá os fantásticos desenhos do artista, biólogo e “zoosistematicista” Louis Bec que acompanham a edição em alemão. Espero que sim! (Louis Bec, a quem vi pessoalmente alguns anos atrás, é um enormíssimo cronópio.)

O lançamento será às 19h30, no Espaço Cultural b_arco (Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros).

TradTerm agora online (inclusive os vols. 17 e 18)

A revista TradTerm, do Centro Interdepartamental de Tradução e Terminologia da FFLCH-USP, agora está disponível online integralmente, nesta página.

O volume 18 acaba de ser lançado, com artigos muito interessantes.

E o volume 17, em que foi publicada a minha resenha sobre o livro de Susana Kampff Lages sobre Walter Benjamin, também está disponível. Vocês podem ler a minha resenha aqui.

domingo, 27 de novembro de 2011

Alun Armstrong em “Les Misérables”

Este é pra vocês começarem a entender por que sou fã do Alun Armstrong…

Agradeço ao meu amigo Guian pelo link!

P.S. Link atualizado em 04/04/2013.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Garrow’s Law, início da terceira temporada

Estou gostando muito da terceira temporada de Garrow’s Law. A minha favorita ainda é a segunda, mas a terceira está mantendo o (elevado) nível geral. O primeiro episódio abordou a questão de como era tratada a loucura judicialmente no final do século XVIII. O segundo tratou dos luditas e do início do sindicalismo nessa mesma época. E os dois epísódios enfocaram também a questão da espantosa e quase absoluta falta de direitos das mulheres até então.

Para os fãs da série que leem em inglês, eu recomendo enfaticamente o blog de Mark Pallis, o responsável pela pesquisa histórica da série. Lá vocês vão encontrar detalhes dos processos em que os epísódios se basearam, vídeos com cenas de bastidores, entrevistas com os atores e até um pequeno documentário, que foi lançado no DVD da segunda temporada, a respeito do verdadeiro William Garrow.

sábado, 12 de novembro de 2011

Do conceito à imagem: a cultura da mídia pós-Vilém Flusser

Meu amigo Murilo Jardelino me enviou essa convocação. Reproduzo-a aqui ipsis litteris.

Do conceito à imagem: a cultura da mídia pós-Vilém Flusser

5 a 7 de dezembro de 2012 | Natal, Brasil

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), PPgEM, PpgCS,
em colaboração com o Arquivo Vilém Flusser da Universidade das Artes, de Berlim, e o Instituto da História da Comunicação e Estudos Culturais Aplicados da Universidade Livre de Berlim, Alemanha

Organização: Angela Almeida (Natal), Josimey Costa (Natal),
Michael Hanke (Natal), Juciano Lacerda (Natal), Angela Pavan (Natal), Gilmar Santana (Natal), Steffi Winkler (Berlim)

Nossa comunicação e, conseqüentemente, nosso mundo estão submetidos constantemente a mudanças fundamentais. A aceleração das novas tecnologias contribui para transformações radicais. O crescimento do fluxo das informações na realidade midiatizada e globalizada modifica parâmetros básicos do nosso mundo: fragmentos até então desconectados, agora dados em presença simultânea, formatam a estrutura das coisas e do próprio pensamento e modificam as categorias do espaço e do tempo. Essa nossa cultura midiática se baseia, obviamente, cada vez mais em imagens fragmentadas e cada vez menos em conceitos complexos. Aparelhos técnicos e memórias eletrônicas expandem as fronteiras da nossa vida real até o espaço virtual. Em conseqüência, o significado de nós mesmos e da realidade se altera substancialmente.

Um dos primeiros pensadores a refletir filosoficamente sobre essas mudanças foi Vilém Flusser. Ele chega a constatá-las utilizando a análise dos termos “comunicação”, “sociedade de informação”, “cultura midiatizada” e “crise da linearidade”. O código linear e conceitual, presente na escrita, no texto e no livro está sendo substituído por um código estruturado por imagens, que se manifesta em imagens em movimento e nas superfícies dos aparelhos técnico-digitais. A mudança dos nossos códigos culturais, nossas estruturas de pensamento e modelos do mundo em conseqüência da transformação da sociedade causada pela tecnologia, foi considerada por Flusser como irreversível. Enquanto isso, cada código constitui seu próprio modo de pensar, o que, por sua vez, define a percepção, os conceitos de tempo e espaço, como também os atores-sujeitos agindo nesse mundo. Ao mesmo tempo, constitui a base dos modelos de pensamento que operam na ciência, na lógica, na arte e na política. Essa mudança de paradigmas é baseada, entre outros, na retificação de nossos canais de comunicação e no papel do computador como memória externalizada. A crítica da cultura flusseriana, que ganhou forma como utopia positiva da sociedade telemática, apresenta-se hoje, surpreendentemente em muitos aspectos, bem atual.

O encontro ’’Do conceito à imagem: a cultura da mídia pós Vilém Flusser“ pretende refletir em que medida as análises e pensamentos de Flusser ainda são pertinentes, e se propõe a oferecer uma plataforma para os interessados em questões filósoficas-midiáticas que reconhecem as teorias de Flusser como ponto de referência. Nesse sentido, levantam-se as perguntas: Qual relação se estabelece entre o código linear e o código digital, zerodimensional e computado? O código linear, realmente, se torna insignificante? Quais relações existem entre o código linear e o código imagético? E hoje, como se apresentam as consequências previstas por Flusser, positivas e negativas, ou seja, as possibilidades e os riscos, vantagens e desvantagens? Como a transformação das categorias de tempo e espaço modifica as nossas dimensões de agir? A impossibilidade de distinguir entre fatos e ficção, defendida por Flusser, realmente se aplica à situação vigente? Qual é a relação entre a sociedade telemática de Flusser e as redes sociais de hoje? Quais aplicações empíricas que a abordagem flusseriana oferece? E quais correlações com outros pensadores, complementações e críticas seriam indicadas?

Como o princípio da obra filosófica de Flusser é o diálogo entre as disciplinas e metodologias, abre-se assim a possibilidade de expandir um vasto campo de relações entre ciência e arte, estudos das mídias e estética, mídias antigas e novas e, indiscutivelmente, entre o olhar e o pensamento por meio de aparelhos. Assim, o encontro vai ser também composto de uma exposição que pretende construir coletivamente uma grande imagem em rede constituída de painéis de expressões com elementos e formas heterogêneas, discursivas e perceptivas, inscrições informacionais ou tecnológicas, plásticas ou não, que operam a partir da obra de Flusser e suas relações possíveis, visando uma potência poética dos trabalhos. Nesses termos, leva em conta as dimensões da obra de Flusser nos dois países, isto é, Brasil e Alemanha e se entende como parte da cooperação acadêmica entre os dois. Os idiomas do encontro são alemão, inglês e português.

Propostas em forma de resumos expandidos (entre 4.000 e 6.000 caracteres) devem ser enviadas até 31 de dezembro para: Flusser2012@cchla.ufrn.br

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O retorno dos mortos

Para mim tudo começou com Borges, quando ele disse, no célebre ensaio “Kafka e seus precursores”, que o autor “cria seus precursores”. A coisa se complica (labirintos…) se pensarmos na relação entre Borges e Macedonio. Como diz Luís Othoniel, neste interessante artigo: “Em muitos aspectos, Borges cria Macedonio, não só porque Macedonio é um personagem frequente na obra de Borges, mas também porque o leitor contemporâneo só lê Macedonio depois de ler Borges. Assim, aspectos fundamentais da obra de Borges aparecem na de Macedonio como se fossem a influência do discípulo sobre o mestre. Por exemplo, a premissa de Borges em Kafka e seus precursores (1952) já aparece em um ensaio de Macedonio publicado em 1910: ‘Necessidade de uma teoria que estabeleça como não é o segundo inventor mas o primeiro que comete o plágio’. Porém, para o leitor de Macedonio, esse seu ensaio de 1910 parece ser um plágio do ensaio de Borges de 1952”.

Em A angústia da influência [1], Harold Bloom aplica à literatura o conceito de apophrades, ou o retorno dos mortos. Na Antiguidade, esse termo indicava os dias nos quais os mortos de Atenas voltavam às casas onde haviam vivido. Um fenômeno semelhante ocorreria com os “poetas fortes”. Os poetas mortos retornam, mas retornam com as cores e as vozes dos poetas posteriores. O estranho efeito daí decorrente é que o sucesso do novo poema faz com que pensemos não que o precursor o escreveu, mas que o novo poeta escreveu a obra do precursor. É como se os poetas fortes estivessem sendo imitados por seus ancestrais. Essa noção é mais radical do que a de Borges, segundo Bloom, porque o precursor se coloca na obra do poeta posterior a ponto de determinadas passagens em sua obra parecerem não como presságios do advento do poeta posterior, mas sim como estando em débito com este, e mesmo (necessariamente) diminuídas pelo seu maior esplendor.

Depois disso tudo, não é de estranhar que Michael Riffaterre [2] admita a possibilidade de se interpretar uma figura presente no monólogo de Molière a partir de uma figura semelhante presente no teatro de Brecht. Ao ler uma obra, o leitor dá continuidade a ela, e a memória do leitor introduz esse tipo de anacronia.

[1] Cito a partir do original: BLOOM, Harold. The anxiety of influence: a theory of poetry. New York/Oxford: Oxford University Press, 1997.

[2] apud SAMOYAULT, Tiphaine. A Intertextualidade. Trad. de Sandra Nitrini. São Paulo: Hucitec, 2008, p. 25.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A volta de “Garrow’s Law”

A BBC acaba de confirmar aqui a data de exibição do primeiro episódio da terceira série de Garrow’s Law. Será no domingo, 13 de novembro, às 9pm (horário britânico, naturalmente). Na BBC1.